Eu fico quente, acho que a minha pressão sobe, sei lá, minha respiração aumenta, fico ofegante. Eu ando, eu choro, eu me encolho, me olho no espelho, depois tenho ataques de riso que não param nunca mais... me sentindo um trapo. Eu penso em ligar para todo mundo, mas nessas horas o mundo todo já está dormindo enquanto eu acho que estou enlouquecendo. Eu fico me revirando na cama pensando sempre nas mesmas coisas que eu não posso ter e me dá um desespero e eu choro mais. Tento ficar calmo e fico repetindo: "fica calmo, fica calmo", mas não adianta, me dá mais vontade de chorar. Queria passar meses numa clínica ou qualquer coisa que a valha para não ter que me preocupar com mais nada: horários, trabalho, aulas, banho, comida. Queria ficar dopado numa cama amarrado numa camisa de força quietinho. Queria me internar e ficar imóvel para eu descansar ou então pular de um prédio, qualquer coisa que faça com que isso tudo pare e que me acalme. E tem que ser imediatamente porque eu não aguento mais esperar. Os cigarros nem duram, eu acendo e eles já apagam e o meu corpo quente, quente, quente, como se eu estivesse com febre e sentindo um frio desgraçado, uma vontade de colo, de poder chorar nos braços de alguém e ao mesmo tempo bater nesse alguém para espantar essa dor. Eu tento dormir e não consigo, eu levanto e ando, ando, choro, rio, me olho no espelho e vejo minha cara cansada e desfigurada e deito de novo e nada. Ligo o computador e venho escrever e então eu escrevo e desligo e ouço música e me deito e nada. Então amanhece e eu tenho que levantar e viver. Eu levanto, me olho no espelho e minha cara está horrível com essas olheiras de morte, eu tomo banho, me arrumo e me olho no espelho mais uma vez e não tenho coragem de sair de casa porque eu me sinto um monstro. Não quero que ninguém me veja assim! Nesse ponto eu caio na cama e choro querendo gritar, tudo abafado pelo travesseiro, eu choro rindo e meu corpo envia tantos sinais de cansaço que eu adormeço com lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto. Isso já faz um mês, todo esse ritual para conseguir dormir, para conseguir um pouco de paz. Procuro ficar o mínimo de tempo possível em casa para não passar por tudo isso, saio, me divirto a basa de pileque. Bebo para ficar feliz ou então não ingerir sequer um gota de álcool com nojo. Eu rio, converso, danço, infernizo, tudo isso de uma vez como se fosse a última vez, porque sempre pode ser a última vez. Eu chego e me tranco e fico sem saber o que fazer, sem conseguir nada fazer. Eu canto, componho, relembro histórias, invento outras, penso em como poderia ser se fosse assim, penso nas pessoas queridas, sinto saudade dos afastados. Bate um desespero e eu penso em sair para encontrar alguém, penso em ligar para alguém e na hora me vem diversos nomes, porém eu não consigo, porque nada que eu escute vai me curar. Acabo sempre por pensar na pessoa impossível e isso me dói, me corrói e eu penso que vou morrer. Sinto tanta coisa, tanta desgraça e apenas uma pessoa teria o poder de sarar tudo isso, apenas a pessoa que não pode, que eu não posso e isso me deprimi. Na hora não me importa se todo o continente europeu me ama, porque eu só quero aquele pequeno iglu no Ártico. Eu só poderia ser completamente feliz lá dentro, não importa quão difícil fosse. Como se faz para poder passar uma temporada num manicômio? Você tem que ter um diagnóstico ou qualquer um que está com problemas emocionais pode se candidatar? Quando eu me sinto assim, sempre que me sinto assim algo está para acontecer. Aquele primeiro de maio está bem perto e eu novamente vou me apegar em quem já foi para me sentir mais completo. Eu sempre me forço a pensar nisso para não esquecer e eu não irei. A minha vontade agora era quebrar todo o meu quarto, todos os móveis, os eletrônicos, rasgar as roupas com as minhas mãos e depois incendiar tudo só para ter o gostinho de ver a minha vida pegando fogo enquanto eu rio de tudo ensandecido. Eu gosto é do estrago e eu estou indo junto, quero tanto, tanto, tanto! Vou me olhar no espelho agora.
2 comentários:
Arre. Acho que foi a primeira vez que tive paciência de ler textos longos em blogs.
Não sabe o quanto me identifiquei, estou me sentindo assim hj. Meu sangue está fervendo! É mt bom saber que há alguém assim tb! Eu ainda não estou doida rs
Postar um comentário