Eu durmo e acordo outra pessoa. Têm sido assim nos últimos anos. Eu durmo e acordo uma pessoa diferente. Eu durmo saciado e acordo morto de fome, vou dormir tranqüilo e acordo perturbado. Isso já dura tempo demais. Mais do que eu possa resistir ou sobreviver.
Há quatro deles aqui, quase cinco e vai prosseguir por seis, sete... para sempre. Há carne e vísceras frescas neste ambiente. Deus, o que há de errado com tudo isso? Não tenho mais fé em nada, nada preenche, nada sacia.
Eu lembro que o fluxo das minhas lágrimas acompanhava o ritmo da chuva e eu sentia que ia inundar o meu quarto e as minhas memórias. Lembro como ontem do sentimento de solidão e desprezo, da miserabilidade de todas as ações que não me entravam, nunca acalmaram.
Nossa... que transição fudida! Que quebra drástica... me quebrou em mil pedaços e me jogou no limbo. O lugar mais cinza e sem graça, só que no meu caso não é na pós-vida, e sim durante esta morte cadente. Esta coisa inapropriada para os mais fracos.
Esse beco desordenado e desconexo. Cheio de tocaias e trunfos, que maravilhoso jogo de gato e rato.
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